Para quando não souber orar
Somos vasos de barro. Tudo o que Deus faz Ele o faz por meio de vasos frágeis de barro. Temos alguma beleza e glória, mas ainda somos vasos de barro. Gostaríamos de ser vasos de aço super-resistentes, mas, em vez disso, Deus resolveu manifestar sua glória em vasos de barro.
É como se a beleza do tesouro colocado dentro desses vasos ficasse ainda mais realçada pela fragilidade do barro.
Não gostamos de ser vasos de barro e até queremos ser o tesouro, mas o tesouro é Ele em nós. Enquanto estivermos aqui, sempre seremos vasos frágeis de barro.
Como vasos de barro, quando oramos, precisamos admitir que, algumas vezes, nosso homem exterior ainda luta com dúvidas, mesmo assim insistimos em fé. Apesar das dúvidas, a oração flui e logo vemos a manifestação da resposta. É assim para lembrarmos que o poder é sempre de Deus, e nós somos apenas frágeis vasos de barro.
Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos. (2 Co 4.7-9)
Paulo diz que muitas vezes somos atribulados, mas não precisamos ficar angustiados, pois temos a paz de Deus em nosso coração.
Algumas vezes, ficamos perplexos. Caso você não entenda o que é perplexidade, é só se lembrar do 7 a 1 na Copa de 2014.
Você simplesmente não consegue entender como essas coisas acontecem. Entretanto, mesmo quando perplexos, não ficamos desanimamos.
Como vasos de barro, podemos ficar abatidos, mas a graça de Deus não deixa que sejamos destruídos.
Vasos quebrados liberam poder
Parece paradoxal, mas há poder dentro de frágeis vasos de barro para destruir todo poder do inimigo. Em Juízes 7, lemos a história de como Gideão venceu os midianitas com apenas trezentos homens. Eles deveriam tão somente tocar a trombeta e quebrar o vaso de barro que carregavam com uma tocha acesa dentro.
Todos nós somos como esse vaso de barro e, dentro dele, resplandece a luz de Cristo. Quando esse vaso é quebrado, a glória do Senhor se manifesta. No entanto, quando o vaso é quebrado, a trombeta — o shofar — precisa ser tocado. A trombeta é o chifre do carneiro que morreu. Quando tocamos o shofar, anunciamos a morte do carneiro e, dessa forma, o inimigo é derrotado.
Então, repartiu os trezentos homens em três companhias e deu-lhes, a cada um nas suas mãos, trombetas e cântaros vazios, com tochas neles. Assim, tocaram as três companhias as trombetas e despedaçaram os cântaros; e seguravam na mão esquerda as tochas e na mão direita, as trombetas que tocavam; e exclamaram: Espada pelo SENHOR e por Gideão! E permaneceu cada um no seu lugar ao redor do arraial, que todo deitou a correr, e a gritar, e a fugir. (Jz 7.16 e 20-21)
O Senhor permite tribulações e perseguições apenas para que o vaso de barro seja quebrado e possamos proclamar a morte do Carneiro pelo toque da trombeta. Se você tem enfrentado situações difíceis e há uma grande pressão sobre você, não tenha receio de ser um vaso de barro quebrado.
O poder de Deus se manifesta em nosso quebrantamento.
O Senhor manda que os soldados toquem trombetas de chifres de carneiro, as quais são chamadas de shofar. O que elas representam? O carneiro aponta para Cristo. Para se ter o chifre, o carneiro precisa ser morto. Assim, a trombeta de chifre de carneiro, quando tocada, anuncia a morte do Senhor.
Deus gosta de trabalhar com o fraco e com o insignificante. Gideão era o menor em sua casa, e sua família, a mais pobre de sua tribo (Jz 6.15-16). É por isso que o Senhor não deixou que ele pelejasse com vinte e dois mil homens, pois Israel poderia presumir que a vitória veio pelo seu grande exército. Em vez disso, o Senhor usou apenas trezentos homens.
Tudo isso vai contra a sabedoria humana. Essa é a razão por que o Senhor foi crucificado num lugar chamado Caveira — na verdade, apenas o crânio da caveira. Isso é para mostrar que a cruz é o fim de toda inteligência humana, toda lógica da carne.
Na primeira multiplicação dos pães, eram cinco pães para mais de cinco mil pessoas, mas, na segunda multiplicação, eram sete pães para quatro mil. Nossa lógica é que, quanto maior for a necessidade, maiores serão os recursos, mas a lógica de Deus é: quanto maior o problema, menos recursos são necessários (Mc 8.19-20).
Deus ama nossa fraqueza porque é no meio da fraqueza que Ele pode manifestar sua graça, porém fraqueza aqui não é a fraqueza do pecado, mas a fragilidade que é própria dos vasos de barro.
Gemidos atraem a atenção de Deus
Como somos vasos de barro, nem sempre temos orações grandiosas para fazer. Há dias em que temos apenas um gemido em nosso coração, mas não pense que ele não tenha valor diante de Deus.
Decorridos muitos dias, morreu o rei do Egito; os filhos de Israel gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu clamor subiu a Deus. Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó. (Êx 2.23-24)
O que Deus ouviu no meio do povo de Israel? O gemido. Muitas vezes, nosso clamor é apenas um gemido profundo.
Ele não é uma oração perfeita ou bem articulada, mas apenas o clamor que flui da dor.
Sei que existem gemidos inexprimíveis quando oramos em línguas, mas aqui é apenas um gemido de dor (Rm 8.26).
Deus ouviu o gemido e se lembrou da aliança.
Será que nosso gemido ainda hoje faz com que Deus se lembre da sua aliança?
Sei que há gemidos de autopiedade e murmuração, e esses Deus não ouve, mas há gemidos genuínos de dor.
Se gememos confiados na aliança, é certo que Deus ouvirá.
Normalmente, rejeitamos os gemidos porque pensamos que são um sinal de murmuração, e muitas vezes são mesmo, mas eles podem também ser uma expressão profunda de oração genuína.
Também não gostamos de gemidos porque pensamos que precisamos parecer fortes o tempo todo. Não precisamos parecer fracos diante dos homens, mas, diante de Deus, é a coisa mais apropriada a se fazer.
Há pessoas que são tão fortes e silenciosas que, mesmo no meio da dor mais excruciante, não expressam nenhuma emoção. Isso é negar a própria humanidade. Deus não pode usar aqueles que vivem assim, pois o seu poder se manifesta em nossa fraqueza humana.
Sei que desejamos ser fortes, mas Deus quer que sejamos fracos para que o seu poder se manifeste em meio à nossa fraqueza. É por isso que somos vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não nossa (2 Co 4.7). Deus ama quando somos fracos, porque aí sua graça pode nos suprir completamente.
Ainda ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança. (Êx 6.5)
Depois que Deus ouviu o gemido do povo de Israel, Ele liberou as sete promessas da redenção nos versos 6 a 8:
1. Eu vos tirarei de debaixo das cargas do Egito.
2. Eu vos livrarei da sua servidão.
3. Eu vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.
4. Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus.
5. Sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito.
6. Eu vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó.
7. Eu vo-la darei como possessão.
Tudo isso por causa de gemidos diante de Deus. Assim, não tenha receio de gemer diante de Deus.
Nosso suspiro toca o céu
Há poder em um suspiro profundo de um coração sequioso diante de Deus, mas lamentavelmente muitos se tornaram tão fortes que, no meio da dor, não derramam sequer uma lágrima. Deus não pode usar pessoas assim, elas perderam a essência humana de vasos de barro. Deus ama quando somos expressivos, mostrando o profundo anseio do nosso coração.
Depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! (Mc 7.34)
A palavra grega para “suspiro” é “stenazo”. Essa mesma palavra é traduzida em outras partes do Novo Testamento como “gemido”. Assim, gemer e suspirar têm a mesma expressão.
Há momentos em que precisamos olhar para o céu e liberar um profundo suspiro. Não conheço ninguém que ora pelos enfermos dessa forma, mas o Senhor o fez. O amor sempre suspira, porque ele se importa com a dor.
Não tenha receio de suspirar clamando ao Senhor pelo milagre, mas suspire também por sua presença.
O alvo do Senhor é que, antes de tudo, estejamos com Ele.
Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios. (Mc 3.14-15)
Sempre pensamos que o Senhor separou os discípulos para ir pregar e expulsar demônios, mas, antes disso, Jesus disse que deveriam estar com Ele. Na verdade, é porque haviam estado com Ele que poderiam pregar.
Podemos orar em todo o tempo se apenas aprendermos a suspirar pelo Senhor. Se pararmos por um instante e invocarmos o nome do Senhor com um suspiro profundo, isso é oração diante de Deus.
Entenda que o suspiro é também um gemido diante de Deus. Há um gemido de dor, mas há também o gemido que é o anseio de um coração que ama. É por isso que a Palavra de Deus diz que precisamos gemer em nosso íntimo ansiando pela volta do Senhor.
Todos nós deveríamos gemer ou suspirar pela volta do Senhor como o povo de Israel gemia pela libertação.
Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus. Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. (2 Co 5.1-4)
Vivemos dias tão angustiantes que gememos em nosso espírito pela volta do Senhor. Veja que o gemido é um anseio, uma aspiração pelo céu. Há gemidos de dor, mas há gemidos de saudade e de amor.
Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. (Rm 8.22-23)
Deus vê as nossas lágrimas
Quando a pressão crescer em você, as lágrimas jorrarão dos seus olhos. Deus vê as nossas lágrimas. Ezequias orou e também chorou. E Deus lhe respondeu, dizendo que havia visto suas lágrimas.
Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei; ao terceiro dia, subirás à Casa do SENHOR. (2 Rs 20.5).
Aquilo que não pode mover o nosso coração também não pode mover o coração de Deus. As lágrimas são completamente inúteis se não são derramadas diante de Deus. E cada lágrima derramada diante de Deus será guardada por Ele.
Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro? (Sl 56.8)
O Senhor colocará suas lágrimas em um vaso, o que significa que Ele se lembrará de todos os seus sofrimentos. Não estou dizendo que Deus apenas nos ouve quando choramos, estou afirmando que as lágrimas são um sinal de poder em sua oração.
Embora as lágrimas algumas vezes fluam por causa de uma alegria genuína, usualmente elas são causadas por pressão além da medida. As lágrimas descarregam os fardos do coração (Jó 16.20).
Diante do homem, o choro é um sinal de fraqueza, mas, diante de Deus, é a coisa mais apropriada a se fazer. Frequentemente digo que feliz é o homem que derrama suas lágrimas diante de Deus, pois quem nunca chorou diante de Deus não sabe o que é comunhão ou o que é estar perto de Deus, tampouco sabe como lançar o fardo sobre o Senhor.
Quando seu caminho na terra parecer completamente bloqueado, quando você for provocado de todas as formas, quando todos o acusarem de estar errado e tudo ao redor parecer se levantar contra você, então esse é o tempo de você chorar diante de Deus, pois esse é o caminho de escape, a maneira de resolver os problemas. Jamais houve um crente fiel que nunca tenha derramado lágrimas.
Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago. (Sl 6.6)
Davi chorou cada noite até poder “nadar no seu leito”. O que é realmente precioso para Deus não são as nossas lágrimas em público com o objetivo de sermos vistos pelos homens, mas o nosso choro secreto, as lágrimas que derramamos diante d’Ele e somente Ele vê. Lágrimas diante de Deus são verdadeiras e preciosas.
Quando os filhos de Israel foram levados cativos e espalhados pelas nações, pessoas os ridicularizavam. Foi debaixo de tais circunstâncias que os filhos de Coré escreveram um salmo muito significativo:
Minhas lágrimas têm sido meu alimento dia e noite, enquanto continuamente me dizem: o teu Deus onde está? (Sl 42.3)
As lágrimas mostram o nível da pressão dentro de nós. Há um poder tremendo na oração liberada com pressão, e essas orações normalmente são banhadas de muitas lágrimas. Um desejo profundo é a primeira condição para a oração respondida e o caminho pelo qual o poder é liberado.
Clame com todo o seu ser
Hebreus diz que o Senhor Jesus foi ouvido por causa do forte clamor diante de Deus. A força desse clamor certamente foi proporcional à pressão que estava sobre Ele.
Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade. (Hb 5.7)
O tempo de fogo varia, mas não desista. Você verá que Deus irá com você até o fim da sua vida. Não adianta lhe ensinar princípios de oração, porque não existe fórmula mágica de oração. Se você é alguém que tem derramado sua alma na oração, algo certamente vai acontecer. Não desista!
Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra. Jó 42:10
E, orando Abraão, sarou Deus Abimeleque, sua mulher e suas servas, de sorte que elas pudessem ter filhos; porque o SENHOR havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão. Gênesis 20:17,18
Há um poder liberado da parte de Deus para sua vida, quando você ora pelos seus amigos pedindo e declarando algo que nem mesmo você recebeu!!!
Pr. Aluízio Silva