O espírito de filiação e o espírito de servidão 

Existe algo que o inimigo procura resistir de forma especial: é a manifestação dos filhos de Deus. Ele tenta nos manter com a mentalidade de servos porque ele sabe que filhos reinam. Já não somos mais servos, mas fomos feitos filhos. 

Hoje gostaria de mostrar a diferença entre o espírito de filhos e o espírito de servos. Ao mostrar a diferença não estou dizendo que não mais servimos a Deus. 

Evidentemente nós servimos a Deus, pois o próprio Senhor Jesus se fez servo e os apóstolos se apresentavam como servos de Deus. 

Mas do ponto de vista do nosso relacionamento com Deus, somos filhos antes de sermos servos. Na verdade somente o serviço do filho pode ser aceito pelo pai. 

Isso pode parecer algo pequeno e trivial, mas a verdade é que muitos vivem um tipo de vida cristã cheia de medos e angústias simplesmente porque nunca aprenderam a se relacionar com Deus como filho. 

Servos na lei e filhos na graça 

A diferença entre servo e filho está na base do entendimento da diferença entre a lei e a graça. Compreender a diferença entre a lei e a graça é vital para o nosso relacionamento com Deus. Pela lei nos relacionamos como servos, mas pela graça somos feitos filhos 

Quando tentamos nos relacionar com Deus com base na lei vivemos debaixo de medo pois um servo não permanece para sempre na casa. Ele teme ser mandado embora a qualquer momento em que não for considerado fiel. 

Por isso servos estão sempre inseguros e amedrontados, pois nunca sabem que se estão agradando ao seu senhor. 

O Senhor Jesus disse que o servo não permanece para sempre na casa, mas o filho sim. 

O escravo (servo) não fica sempre na casa; o filho, 

sim, para sempre. (Jo 8:35) 

Servos conquistam, mas filhos herdam 

A afirmação clara da palavra de Deus é que nós não recebemos o espírito de escravidão ou servidão para vivermos outra vez atemorizados, amedrontados.

Porque não recebestes o espírito de escravidão, 

para viverdes, outra vez, atemorizados, mas 

recebestes o espírito de adoção, baseados no qual 

clamamos: Aba, Pai. (Rm. 8:15) 

Pelo Espírito nós clamamos “Aba Pai”. Aba é a forma como as criancinhas se dirigem a seus pais em Israel. Sua melhor tradução seria “paizinho”. É uma forma íntima e amorosa de se relacionar com o seu pai. 

A menos que você seja capaz de chamar a Deus de paizinho você ainda está debaixo do espírito de escravidão e do medo. 

A expressão outra vez se refere à forma como vivíamos no regime da lei. 

Deus não nos trouxe a uma nova aliança com base no mesmo tipo de relacionamento que havia antes na lei. Hoje somos feitos filhos. E como filhos não deveria mais haver medo no nosso coração. 

Um servo tem medo do seu senhor, mas um filho não deveria ter medo do seu pai. 

Muitos não desfrutam da sua herança simplesmente porque se restringiram ao mínimo que recebe um servo. 

Mesmo que um senhor seja generoso e o servo muito fiel, mesmo assim ele receberia apenas o básico para viver. 

Há muitos que se contentaram em receber apenas o básico do Pai. 

Mesmo tendo um pai rico e tendo sido feito herdeiro, muitos pensam que essa é a maneira certa de viver. 

Esse foi o pensamento do filho pródigo. Após ter abandonado a casa do pai e estando na miséria, caiu em si e pensou na vida que poderia levar na casa do pai. Mas se viu sem direito e desejou ter a vida de um servo, ou seja, ter o básico. Mas, no regresso não foi isso que aconteceu, pois ele não era servo, mas filho. 

Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores 

de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro 

de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, 

e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 

já não sou digno de ser chamado teu filho; 

trata-me como um dos teus trabalhadores. (Lc. 

15:17-19)

Chega de viver como servo. Venha tomar posse da sua herança e da sua posição como filho. 

Filhos governam, servos não. A religião quer que você se veja sempre como servo e por isso você não reina em vida. Servos não herdam coisa alguma. Têm apenas o suficiente. 

O padrão do Velho Testamento é: “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos” (Dt. 28:2). 

Mas hoje no Novo Testamento nós somos herdeiros de todas as bênçãos de Cristo unicamente porque somos filhos. 

Isso somente pode ser desfrutado pela fé. Essa é a razão porque alguns filhos não desfrutam da herança. Estão tentando trabalhar como servo para poder merecê-la. 

Quando filhos tentam se relacionar com o pai como se fossem servos eles decaem da graça. 

Quando agimos como servos tendemos a ver o pai como chefe, e o pior, um chefe injusto. 

Foi exatamente isso o que aconteceu com o irmão do filho pródigo. 

Ele nunca tinha saído de casa, mas se relacionava com o pai como servo ou empregado. 

Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que 

te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e 

nunca me deste um cabrito sequer para 

alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, 

esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com 

meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho 

cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu 

sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. (Lc, 

15:29-31) 

Ele vivera toda a sua vida tentando merecer o amor do pai, mas tudo já era dele, contudo ele nunca desfrutou de nada. Nunca saiu da casa do pai, mas ainda assim não conhecia o amor do seu pai. Não olhe para a sua performance, olhe para a graça do Pai. 

Na graça nós recebemos de Deus não pelo que fazemos, mas pelo que somos. Essa é a necessidade hoje, saber quem somos em Cristo. 

Filhos gerados e adotados

Em Romanos 8:15 Paulo diz que não recebemos o espírito de escravidão, mas o espírito de adoção. 

Na verdade a melhor tradução seria espírito de filiação. Recebemos o espírito de filhos. 

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o 

poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos 

que crêem no seu nome. (Jo. 1:12) 

A palavra adoção aqui não significa aquela adoção onde pessoas tomam filhos de outros para serem seus próprios filhos. 

Não somos filhos do diabo que foram adotados para serem filhos de Deus. Nós recebemos a natureza de Deus dentro de nós, somos filhos nascidos na casa, participamos da natureza divina. 

A salvação é muito mais que sermos livrados da condenação eterna, nós fomos feitos filhos e herdeiros. Podemos receber tudo o que Deus tem. 

Mas eu creio que há um sentido bem específico em que podemos dizer que somos filhos adotados. O nosso espírito foi regenerado, mas a nossa alma é a mesma. A obra de Deus em nossa alma é transformá-la pela renovação da mente. Acostumamo-nos a pensar que somos filhos de nossos pais naturais, mas agora somos filhos de Deus. 

No entanto a nossa mente ainda não se acostumou com isso, então o Espírito Santo vem para testificar, confirmar que somos realmente filhos. 

Vamos imaginar um homem muito rico que resolveu pegar uma criança de rua e fazer dela seu filho. Esse homem rico alimenta essa criança, veste-a de boas roupas, treina-a nas melhores escolas, mas tem uma coisa que aquele homem não pode fazer. Se o garoto tem um grande sentimento de inferioridade ele não se sentirá confortável na mansão, mas preferirá ficar na rua. 

O homem rico não pode colocar o espírito de grandeza dentro do garoto. Mas Deus pode fazer isso por nós. 

Ele colocou o espírito de filiação em nós e por esse Espírito clamamos Aba! Pai. 

O próprio Espírito testifica com o nosso espírito 

que somos filhos de Deus. (Rm. 8:16) 

O inimigo está constantemente tentando impedir o testificar de que somos filhos, porque filhos reinam. Servos não reinam, mas filhos sim.

Ele quer nos manter debaixo do mesmo espírito de escravidão para vivermos atemorizados. 

A identidade do servo é o que ele faz, mas a identidade do filho é que ele é Você pode ser filho da lei ou filho da graça. Os filhos da lei são filhos de Agar, portanto são servos e escravos. Os filhos da graça são livres (Gl. 4:24-25). 

A identidade do servo está relacionada com o fazer. 

A identidade do filho se relaciona com o que ele é. 

É o velho antagonismo entre o ser e o fazer. O que define a sua identidade? A nossa identidade não provém do nosso serviço. A nossa identidade vem do nascimento. Fomos nascidos de Deus. Recebemos a sua natureza divina. 

Servos não conseguem agir como filhos, mas filhos podem se tornar servos sem perder a identidade. 

Na verdade quando filhos servem a nobreza se manifesta neles. 

O Senhor Jesus sendo filho se fez servo. 

Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a 

forma de servo, tornando-se em semelhança de 

homens; e, reconhecido em figura humana. 

Filipenses 2:7 

Filhos mostram mais nobreza quando servem, mas eles não servem para ganhar, mas porque já possuem. 

Filhos recebem revelação 

Servos precisam apenas saber o que fazer, não precisam entender os propósitos por trás das suas ações. Mas o Pai revela seus propósitos aos filhos. Os servos, porém, têm uma revelação limitada. 

Já não vos chamo servos, porque o servo não 

sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos 

chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de 

meu Pai vos tenho dado a conhecer. (Jo. 15:15) 

Servos são removidos, mas filhos são disciplinados 

Servos podem ser rejeitados, punidos e mandados embora. Mas filhos são disciplinados para serem restaurados. Os filhos permanecem sempre em casa.

É para disciplina que perseverais (Deus vos trata 

como filhos); pois que filho há que o pai não 

corrige? Mas, se estais sem correção, de que 

todos se têm tornado participantes, logo, sois 

bastardos e não filhos. (Hb. 12:7-8) 

Servos precisam lutar por tudo. Porque para o servo tudo é por merecimento. Servos vivem com medo de serem mandados embora. 

E por causa do medo vivem debaixo do espírito de escravidão. 

Esse é o tempo da manifestação dos filhos de Deus. 

Rejeita agora toda mentalidade de servidão e assuma sua identidade de filho. Filhos reinam. Você pode hoje desfrutar de autoridade para reinar sobre as suas circunstâncias. 

Pr. Aluízio Silva